MOCOTÓ - À MODA GAÚCHA
- José Rosa
- 1 de mar. de 2017
- 3 min de leitura

Muita gente diz que não come Mocotó, certamente porque ainda não provou. Um prato com muitas calorias, feito da pata de boi e especialmente delicioso e gorduroso mas nada que belo vinho não consiga equilibrar.
E de onde vem a palavra mocotó? O Dicionário Houaiss no Brasil diz que a palavra é originária do quilombo mukoto, ”pata de animal” e em Portugal é chamado “mão-de-vaca”.
Buscando a origem deste prato, as pesquisas que fiz, apontam para o sul do Brasil, o que ainda causa alguma polêmica já que alguns atribuem ao nordeste a sua origem.
Vários dicionários de culinária e nas pesquisas sobre pratos regionais atribuem a origem desta iguaria como prato tradicional do Rio Grande do Sul.
Apesar de a história mostrar que o gado chegou ao Brasil em 1526, com Martinho Afonso e no Nordeste, a carne bovina não era consumida pois era uma carne nobre e muito cara e não podia ser servida de forma regular.O gado era usado com força motriz e leiteiro.Só no final do século XVII que a carne de boi começou a se popularizar , isso por volta de 1670. Nesta época surge o mocotó no norte do Rio Grande do Sul.
Era o Brasil Colônia, nas charqueadas e estâncias os escravos recebiam nas senzalas as sobras dos animais que eram abatidos para as refeições dos patrões, eram aves, porcos e gado na qual as sobras das partes menos nobres naquela época ficavam para os escravos. Deste ultimo, o boi, ficavam as vísceras, mondongo ( que aqui no sudeste conhecemos como “bucho”ou “dobradinha”) e as patas. Esse tipo de explicação popular também as vezes, da mesma forma se refere a criação da feijoada brasileira.

As esposas dos escravos começaram a limpar bem estas partes e fazer uso nas refeições. Rico em gordura, proteína e ferro este prato dava muita sustância para que os escravos pudessem trabalhar. Um fato relevante neste episódio é que existem relatos que após a inclusão desta comida no cotidiano dos escravos o numero de mortes tanto dos adultos quanto dos filhos de escravos diminuiu. O trabalho na lavoura era muito duro, os maus tratos e falta de proteína, anemia etc causavam muitas mortes entre os escravos e seus filhos.
As mulheres dos fazendeiros começaram a observar que a morte prematura dos filhos de escravos começaram a diminuir e logo trataram de levar este prato para a Casa Grande e o mocotó então vai se difundir em todo o Brasil.
Para fazer mocotó é preciso ter pata de boi, tripa grossa, mondongo, tomate, cheiro verde, feijão branco, lingüiça fina, cebola, manjerona, pimenta verde, ovo cozido e azeitona. O boi, o mondongo e a tripa grossa têm ser bem limpos e postos em água, na véspera. A gordura que fica acumulada na superfície dessa água que ferveu as carnes também é utilizada para fazer o prato.

Receita de Mocotó À Moda Gaúcha
2 patas bem limpas
2 kg de mondongo
1 tripa grossa
1/2 kg de linguiça de porco
1/2 kg de feijão branco
2 colheres de óleo (azeite)
2 cebolas picadas
sal e pimenta preta a gosto
4 ovos
1 molho de tempero verde (coentros)
1 colher de massa de tomate
3 limões maduros
Coloque as patas numa panela de pressão, com água que as tape e deixe mais ou menos 45 min. Retire as patas e vá tirando o mocotó e reserve.
Coloque num recipiente a água com caldo do limão as tripas, deixando o mondongo de molho, durante 20 min.
Cozinhe na pressão o feijão branco, previamente colocado de molho.
No dia de servir, coloque numa panela grande , o óleo (ou azeite), com a cebola deixe dar uma fritada.
Coloque o mocotó, a tripa grossa cortada e o mondongo também cortado em cubos, deixe dar uma fritada.
Coloque a seguir ,o feijão, tempere e deixe ferver até ficar um caldo bem grosso.
Quando estiver quase pronto, coloque a massa de tomate, a linguiça cortada em pedaços. Deixe ferver, se preciso pode colocar água quente para não grudar no fundo da panela. Cozinhe os ovos e pique bem. Quando o mocotó estiver pronto coloque o ovo picado e o tempero verde picado, (que sugiro serem coentros.)
Receita de TECA LOVATTO, no site Grafe e Faca
Imagens: Pinterest, Conversa de Butiquim
Mas ainda falta o vinho!
Um prato muito gorduroso que pede um vinho encorpado, de preferência um super tânico. Por exemplo um Vinho Tinto encorpado, de uma das Grandes regiões de Vinhos de Portugal: o Douro. E que seja um tinto maduro com 14 ou 15 graus vai ser perfeito.
Então o Quinta dos Murças Reserva DOC Douro 2010 é uma excelente opção.Tinto português com aromas de frutas vermelhas e negras maduras, com notas de amadurecimento e nuance de tabaco e especiarias. Em boca é concentrado, firme, com fruta expressiva e boa presença de taninos. Quinta dos Murças Reserva DOC Douro é o resultado de uma seleção de uvas colhidas a partir de vinhas velhas do Douro com mais de 40 anos de idade.
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