Vinho Negro, da França para o mundo
- José Rosa
- 18 de jan. de 2018
- 2 min de leitura
Para chegar à tonalidade escura que o vinho negro apresenta, as uvas, depois de colhidas, são aquecidas a 65 graus por um período de seis horas

Quem aprecia vinho sabe muito bem que os tipos mais conhecidos são o branco, o tinto e o rosé. No entanto, também existe o vinho negro, elaborado no sudoeste da França. Na verdade, trata-se de um vinho tinto, mas leva o nome de vinho negro devido à forte cor adquirida depois de sua fermentação.
O “vinho negro” é produzido a partir da uva Malbec, cultivada na região de Cahors, situada em ambas as margens do rio Lot, nos departamentos de Lot e Quercy, no bucólico sudoeste francês.
É uma região com 22 mil hectares classificados como potenciais para a AOP Cahors em um território de 45 quilômetros de leste a oeste e 25 quilômetros de norte a sul, abrangendo 45 vilas. Uma região que a mais de 2000 anos já existiam videiras. Tradicional no cultivo da uva Malbec e na vinificação, seu vinho é frequentemente citado como “o mais antigo da França”.

O processo de fabricação original deste vinho conta com a fervura de parte do suco fermentado, tornando sua concentração tão intensa que sua cor de tão escura originou seu nome Vinho Negro. O vinho Cahors é tão escuro que não é possível enxergar os seus dedos através da taça.
O vinho negro de Cahors sempre fez tanto sucesso que na antiguidade era considerado até mesmo melhor do que os vinhos do império Romano. No ano de 92DC o Imperador ordenou a retirada de todos os vinhedos dali, felizmente isto não ocorreu.
A Malbec de Cahors, hoje em dia, é uma uva com muita concentração de antocianos e taninos – responsáveis, diretamente, pela cor e pelo potencial de envelhecimento do vinho. A uva é chamada de Auxerrois em Quercy e em Cahors mas em Pressac, é Noir de Pressac, Gros Noir no Vale do Loire e Malbec em Bordeaux.
Dependendo da localização dos vinhedos os Malbecs serão mais frutados, mais intensos, mais leves ou mais concentrados. No geral podem ter aroma de frutas negras, de tinta, violeta, alcaçuz, torrefação, couro, e claro… trufas.

A Malbec de Cahors teve seu auge em 1152, quando Eleonor de Aquitânia se casou com o futuro rei da Inglaterra, Henri Plantagenet. Esse vinho começou a ser muito exportado para a Inglaterra, e imediatamente fez sucesso entre os Ingleses. Ainda mais quando, em 1225, já coroado rei, Henri eliminou os impostos entre a região de Cahors e a Inglaterra. No entanto, pouco tempo depois os produtores e comerciantes bordaleses se mobilizaram para pressionar os ingleses. Além de serem taxados novamente, dessa vez com valores mais altos, os vinhos do sudoeste só podiam chegar a Londres depois de que toda a produção bordalesa estivesse vendida. Isso durou 5 séculos e foi abolido apenas em 1776, por Turgot.
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